O texto a seguir foi redigido pelo volante do Esporte Clube Pelotas, Tiago Rocha, um dos responsáveis pela conquista da Copa Lupi Martins no ano do centenário. Ele apresenta ao torcedor do Lobão um novo e interessante ponto de vista sobre o título alcançado e mostra que o orgulho de ser áureo-cerúleo vai além das arquibancadas e contagia também os atletas do Pelotas.
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"Jamais se vence por acaso: há sempre mérito e competência quando se consegue atingir um objetivo. Mas existem vitórias que são mais significativas do que outras.
São aquelas em que se consegue identificar claramente o que nos levou ao êxito. E na nossa recente conquista no dia 30 de novembro de 2008, ficou muito fácil saber o que nos levou à vitória. Obviamente não foi um só fator e sim uma série de motivos, mas podemos sintetizar em uma só palavra: comprometimento.
Se comparássemos nossa conquista a uma árvore, nosso comprometimento seria a raiz, que nos fez permanecer unidos nos momentos em que tentavam arrancar-nos do chão. Ou acham que esquecemos do início da Lupi, das cobranças de setembro, das críticas? Não, não esquecemos! Sabíamos exatamente o que estava acontecendo; passando por uma maratona de jogos, jogando a cada dois dias, nossos treinamentos eram praticamente dentro do ônibus, não havia tempo. Vínhamos de um duro golpe que foi o não acesso à elite do futebol gaúcho (verdadeiro lugar do Pelotas), mas sabíamos do nosso potencial, sabíamos que esse grupo tinha condições de dar a volta por cima.
Provar que tínhamos condições de ter subido o Pelotas e que por um ou outro motivo (que não cabe comentar agora) não havíamos conseguido - foi por isso que aceitamos a redução salarial e foi por isso, principalmente, que pedimos pra entrar na competição. Pedimos pra jogar essa Copa, pois sabíamos que podíamos terminar o ano dando alegria ao torcedor áureo-cerúleo. Queríamos isso! Por isso, o discurso de todos naquela época era o mesmo, nada combinado. Era o que sentíamos realmente. Pedíamos tempo; solicitávamos que tivessem paciência, pois logo o time iria encaixar. Mesmo assim, as pessoas não davam trégua... nossas respostas começaram a ficar repetitivas, monótonas.
Num jogo difícil em Bagé, estréia do Gilmar, onde saímos ganhando, tomamos a virada, fomos buscar o empate e perdemos nos acréscimos finais, me foi perguntado porque o grupo do Pelotas tinha um discurso conformado. Conformado? Ele realmente não viu o mesmo jogo que eu! Mas a vitória não vinha, dizer o que? E como foi dolorida aquela derrota, como aquela semana foi difícil! Três jogos fora e apenas um ponto conquistado. Sabe o que nos fez permanecer juntos? Comprometimento e profissionalismo; identificação com a causa, com o momento. A exata compreensão do instante do clube, a importância do ano e a relevância de não deixar passar em branco o Centenário do Esporte Clube Pelotas!
O olhar era de desconfiança, esse era o sentimento de todos, mas não o nosso... não! Nós tínhamos a certeza. Confiávamos uns nos outros. Nosso torcedor, machucado nessa época ,ainda era um pouco descrente, estava ferido - mas não estava morto! O Gilmar, como um bom jardineiro, não deixava de regar a raiz um dia sequer. E nós fomos crescendo. Adquirindo confiança. E foi assim que veio a vitória contra o Porto Alegre na Boca, de virada. A partir dali veio uma seqüência de vitórias que fez mudar a opinião das pessoas de fora do vestiário, porque lá dentro nós já sabíamos.
A torcida começou a perceber que ali estava um grupo diferente, um grupo que jogava com raça, com garra, com sangue... um grupo que se entregava nas partidas, doava-se nos jogos, queria mais do que ninguém as vitórias! E, aos poucos, nossa torcida começou a aparecer em maior número. E nós fomos sentindo a força que vinha das arquibancadas. A árvore começava a crescer forte e retribuir o apoio com frutos, vitórias, dedicação. Essa combinação, essa sintonia, essa troca foi fazendo com que ficássemos praticamente invencíveis em nossos domínios. Também éramos fortes fora, e os adversários foram caindo um a um. Foi assim que garantimos a liderança com alguns jogos de antecedência.
E então chegaram os “mata-matas”. Em uma conversa, dentre as inúmeras que tivemos, ficou estabelecido que seríamos os campeões. Praticamente todos se manifestaram... estava selado o pacto! Estava escrito o destino! Aquele grupo estava fadado ao sucesso na Copa FGF. Nós estávamos mais fortes do que nunca, extremamente confiantes. Mas era do conhecimento de todos que ainda não havíamos vencido nada. Era preciso redobrar as doses utilizadas até ali, multiplicar a entrega, intensificar o trabalho e aumentar consideravelmente a raça, a garra e a doação. Mas um grupo vencedor não se faz só disso. Não bastam somente esses ingredientes. Não se constrói um conjunto vitorioso da noite pra o dia. É necessário amizade, companheirismo, respeito, admiração, união, sinceridade, honestidade, paciência, renúncia, abdicação, privações, sacrifício, etc. E nesse grupo não faltou nada disso, principalmente qualidade: nosso grupo tinha muita qualidade!
Claro que houve problemas, discussões, desentendimentos, mas todos facilmente resolvidos. Até nisso esse grupo era especial! Errar é humano, às vezes agimos por impulso e instinto, mas arrepender-se do erro é grandioso, é nobre e, especialmente, difícil! É árduo pedir desculpas, dar a mão à palmatória; é custoso admitir. Mas todas as questões foram resolvidas com serenidade, sensibilidade e postura firme, quando preciso. E tudo isso colaborou para o resultado final.
Cada jogo virou decisão, vivenciada uma de cada vez, passo a passo, sem queimar etapas. Independente dos resultados, os adversários foram sempre tratados com respeito. Estávamos muito fechados, se alguém quisesse nos vencer, principalmente em casa, teria que fazer um esforço sobrenatural, pois nós tínhamos um compromisso: brigar por cada espaço de campo, não deixar o adversário respirar! Não tinha bola perdida. A torcida notou isso e começou a empurrar cada vez mais. O Guarani sucumbiu; o Riograndense não resistiu. Na semi-final o oponente foi o Caxias, teoricamente o adversário mais qualificado até então. Esse confronto foi considerado por nós uma final antecipada.
No jogo em Caxias do Sul, o sinal de que algo de bom estava reservado pra esse grupo de jogadores. Perdíamos o jogo por 2x0; àquela altura, o resultado estava fazendo com que o jogo de volta em Pelotas ganhasse contornos de dramaticidade: precisaríamos de 3 gols! Mas eis que no finalzinho da partida, um gol! Uma injeção de ânimo! Um aceno de que as coisas estavam a nosso favor. Agora era apenas uma vitória simples na Boca. Necessitávamos de um gol, e ele veio. Com o estádio ocupado por um número expressivo de torcedores, o Caxias era mais um que tombava na Boca do Lobo... estávamos na final da Copa Lupi Martins!
Tínhamos a oportunidade de vencer um título no ano do Centenário, e a possibilidade de dar uma alegria àquele torcedor sedento. Tínhamos a chance de provar que éramos um grupo de vencedores,a capacidade de fazer felizes nossos familiares, escrever nossos nomes nas páginas desse clube centenário de tanta tradição e glórias! A oportunidade de escrever a história. Mas, principalmente, queríamos dar a nós mesmos esse presente, oferecer uns aos outros, porque era essa a forma de demonstrar o quanto estávamos satisfeitos em trabalhar juntos. A honra e o prazer que foi passar todo o ano juntos,compartilhando alegrias e tristezas. E nada nem ninguém conseguiria nos demover desse objetivo.
E foi dessa forma que viajamos para Gravataí, fortes como nunca. O compromisso dessa vez era fazer o nosso melhor jogo fora de casa. E assim foi, o placar ficou em 0x0, mas fomos melhores no jogo. A torcida áureo-cerúlea invadiu Gravataí! Mas o mais importante é que levávamos a decisão para Pelotas. Seria lá, no nosso caldeirão, com o apoio da nossa torcida: A MAIOR E MAIS FIEL! Lá onde havíamos nos tornado invencíveis, era lá que a história seria escrita. Na Boca do Lobo!
Os dias que antecederam esse jogo foram de muita ansiedade, mas também de muita confiança. Em nossa conversa no hotel após o lanche, horas antes da partida, quantos testemunhos sinceros e de coração! Quem se manifestou, fez isso desprovido de qualquer vaidade, despido de qualquer jactância. E os que não se manifestaram, mantinham os olhos atentos e faziam questão de demonstrar que, embora não se expressassem, por características pessoais, estavam tão concentrados quanto os outros. Todos sabedores do momento que estava por vir e quão importante ele era. Essa era outra característica desse grupo, todos se respeitavam em suas particularidades, os mais experientes e os mais novos em mútuo respeito.
A chegada ao estádio, o calor da torcida esperando o ônibus, o corredor entusiasmado feito por eles para que passássemos e sentíssemos que não estávamos sós. A palestra do Gilmar, emocionante; ao término a comoção era tão grande que todos disseram não sentir necessidade nem de aquecer, tamanha era a mobilização. Não víamos a hora de entrar em campo!
"Tenta tirar meu coração, teeenta! Não consegue! Duvido!"
O que se sucedeu foi maravilhoso. Uma partida inesquecível. Aproximadamente 12 mil torcedores cantando, um espetáculo em azul e amarelo. Salve o Pelotas, o glorioso! Vitória de 2x0. A torcida empurrando e esperando o final do jogo pra soltar o grito. Quando soou o apito final, a torcida pôde enfim gritar “É Campeão!”. Sim! Nós somos os Campeões do Centenário! Seguiu-se uma invasão do gramado, uma loucura, uma festa muito grande. Todos queriam registrar aquele momento embora desconhecessem, naquela hora, que aquele momento já estava gravado na memória, para sempre!
O ato de entrega da taça foi interrompido pelos próprios torcedores que não agüentaram esperar e tomaram a taça em suas mãos, Muitos tiveram suas vestes tiradas, torcedores pediam as meias, os calções, as camisetas. Afinal, esse título era de todos! Nunca esqueceremos aqueles momentos. A emoção nos rostos das pessoas, os agradecimentos, o reconhecimento, o choro das pessoas mais velhas, as lágrimas dos mais novos, o desfile no caminhão de bombeiros, os cânticos entoados, os acenos dos pedestres, as buzinas dos carros, as bandeiras tremulando nas janelas dos edifícios, os torcedores correndo ao lado do caminhão do início ao fim... enfim, PARA SEMPRE!"
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"Jamais se vence por acaso: há sempre mérito e competência quando se consegue atingir um objetivo. Mas existem vitórias que são mais significativas do que outras.
São aquelas em que se consegue identificar claramente o que nos levou ao êxito. E na nossa recente conquista no dia 30 de novembro de 2008, ficou muito fácil saber o que nos levou à vitória. Obviamente não foi um só fator e sim uma série de motivos, mas podemos sintetizar em uma só palavra: comprometimento.
Se comparássemos nossa conquista a uma árvore, nosso comprometimento seria a raiz, que nos fez permanecer unidos nos momentos em que tentavam arrancar-nos do chão. Ou acham que esquecemos do início da Lupi, das cobranças de setembro, das críticas? Não, não esquecemos! Sabíamos exatamente o que estava acontecendo; passando por uma maratona de jogos, jogando a cada dois dias, nossos treinamentos eram praticamente dentro do ônibus, não havia tempo. Vínhamos de um duro golpe que foi o não acesso à elite do futebol gaúcho (verdadeiro lugar do Pelotas), mas sabíamos do nosso potencial, sabíamos que esse grupo tinha condições de dar a volta por cima.
Provar que tínhamos condições de ter subido o Pelotas e que por um ou outro motivo (que não cabe comentar agora) não havíamos conseguido - foi por isso que aceitamos a redução salarial e foi por isso, principalmente, que pedimos pra entrar na competição. Pedimos pra jogar essa Copa, pois sabíamos que podíamos terminar o ano dando alegria ao torcedor áureo-cerúleo. Queríamos isso! Por isso, o discurso de todos naquela época era o mesmo, nada combinado. Era o que sentíamos realmente. Pedíamos tempo; solicitávamos que tivessem paciência, pois logo o time iria encaixar. Mesmo assim, as pessoas não davam trégua... nossas respostas começaram a ficar repetitivas, monótonas.
Num jogo difícil em Bagé, estréia do Gilmar, onde saímos ganhando, tomamos a virada, fomos buscar o empate e perdemos nos acréscimos finais, me foi perguntado porque o grupo do Pelotas tinha um discurso conformado. Conformado? Ele realmente não viu o mesmo jogo que eu! Mas a vitória não vinha, dizer o que? E como foi dolorida aquela derrota, como aquela semana foi difícil! Três jogos fora e apenas um ponto conquistado. Sabe o que nos fez permanecer juntos? Comprometimento e profissionalismo; identificação com a causa, com o momento. A exata compreensão do instante do clube, a importância do ano e a relevância de não deixar passar em branco o Centenário do Esporte Clube Pelotas!
O olhar era de desconfiança, esse era o sentimento de todos, mas não o nosso... não! Nós tínhamos a certeza. Confiávamos uns nos outros. Nosso torcedor, machucado nessa época ,ainda era um pouco descrente, estava ferido - mas não estava morto! O Gilmar, como um bom jardineiro, não deixava de regar a raiz um dia sequer. E nós fomos crescendo. Adquirindo confiança. E foi assim que veio a vitória contra o Porto Alegre na Boca, de virada. A partir dali veio uma seqüência de vitórias que fez mudar a opinião das pessoas de fora do vestiário, porque lá dentro nós já sabíamos.
A torcida começou a perceber que ali estava um grupo diferente, um grupo que jogava com raça, com garra, com sangue... um grupo que se entregava nas partidas, doava-se nos jogos, queria mais do que ninguém as vitórias! E, aos poucos, nossa torcida começou a aparecer em maior número. E nós fomos sentindo a força que vinha das arquibancadas. A árvore começava a crescer forte e retribuir o apoio com frutos, vitórias, dedicação. Essa combinação, essa sintonia, essa troca foi fazendo com que ficássemos praticamente invencíveis em nossos domínios. Também éramos fortes fora, e os adversários foram caindo um a um. Foi assim que garantimos a liderança com alguns jogos de antecedência.
E então chegaram os “mata-matas”. Em uma conversa, dentre as inúmeras que tivemos, ficou estabelecido que seríamos os campeões. Praticamente todos se manifestaram... estava selado o pacto! Estava escrito o destino! Aquele grupo estava fadado ao sucesso na Copa FGF. Nós estávamos mais fortes do que nunca, extremamente confiantes. Mas era do conhecimento de todos que ainda não havíamos vencido nada. Era preciso redobrar as doses utilizadas até ali, multiplicar a entrega, intensificar o trabalho e aumentar consideravelmente a raça, a garra e a doação. Mas um grupo vencedor não se faz só disso. Não bastam somente esses ingredientes. Não se constrói um conjunto vitorioso da noite pra o dia. É necessário amizade, companheirismo, respeito, admiração, união, sinceridade, honestidade, paciência, renúncia, abdicação, privações, sacrifício, etc. E nesse grupo não faltou nada disso, principalmente qualidade: nosso grupo tinha muita qualidade!
Claro que houve problemas, discussões, desentendimentos, mas todos facilmente resolvidos. Até nisso esse grupo era especial! Errar é humano, às vezes agimos por impulso e instinto, mas arrepender-se do erro é grandioso, é nobre e, especialmente, difícil! É árduo pedir desculpas, dar a mão à palmatória; é custoso admitir. Mas todas as questões foram resolvidas com serenidade, sensibilidade e postura firme, quando preciso. E tudo isso colaborou para o resultado final.
Cada jogo virou decisão, vivenciada uma de cada vez, passo a passo, sem queimar etapas. Independente dos resultados, os adversários foram sempre tratados com respeito. Estávamos muito fechados, se alguém quisesse nos vencer, principalmente em casa, teria que fazer um esforço sobrenatural, pois nós tínhamos um compromisso: brigar por cada espaço de campo, não deixar o adversário respirar! Não tinha bola perdida. A torcida notou isso e começou a empurrar cada vez mais. O Guarani sucumbiu; o Riograndense não resistiu. Na semi-final o oponente foi o Caxias, teoricamente o adversário mais qualificado até então. Esse confronto foi considerado por nós uma final antecipada.
No jogo em Caxias do Sul, o sinal de que algo de bom estava reservado pra esse grupo de jogadores. Perdíamos o jogo por 2x0; àquela altura, o resultado estava fazendo com que o jogo de volta em Pelotas ganhasse contornos de dramaticidade: precisaríamos de 3 gols! Mas eis que no finalzinho da partida, um gol! Uma injeção de ânimo! Um aceno de que as coisas estavam a nosso favor. Agora era apenas uma vitória simples na Boca. Necessitávamos de um gol, e ele veio. Com o estádio ocupado por um número expressivo de torcedores, o Caxias era mais um que tombava na Boca do Lobo... estávamos na final da Copa Lupi Martins!
Tínhamos a oportunidade de vencer um título no ano do Centenário, e a possibilidade de dar uma alegria àquele torcedor sedento. Tínhamos a chance de provar que éramos um grupo de vencedores,a capacidade de fazer felizes nossos familiares, escrever nossos nomes nas páginas desse clube centenário de tanta tradição e glórias! A oportunidade de escrever a história. Mas, principalmente, queríamos dar a nós mesmos esse presente, oferecer uns aos outros, porque era essa a forma de demonstrar o quanto estávamos satisfeitos em trabalhar juntos. A honra e o prazer que foi passar todo o ano juntos,compartilhando alegrias e tristezas. E nada nem ninguém conseguiria nos demover desse objetivo.
E foi dessa forma que viajamos para Gravataí, fortes como nunca. O compromisso dessa vez era fazer o nosso melhor jogo fora de casa. E assim foi, o placar ficou em 0x0, mas fomos melhores no jogo. A torcida áureo-cerúlea invadiu Gravataí! Mas o mais importante é que levávamos a decisão para Pelotas. Seria lá, no nosso caldeirão, com o apoio da nossa torcida: A MAIOR E MAIS FIEL! Lá onde havíamos nos tornado invencíveis, era lá que a história seria escrita. Na Boca do Lobo!
Os dias que antecederam esse jogo foram de muita ansiedade, mas também de muita confiança. Em nossa conversa no hotel após o lanche, horas antes da partida, quantos testemunhos sinceros e de coração! Quem se manifestou, fez isso desprovido de qualquer vaidade, despido de qualquer jactância. E os que não se manifestaram, mantinham os olhos atentos e faziam questão de demonstrar que, embora não se expressassem, por características pessoais, estavam tão concentrados quanto os outros. Todos sabedores do momento que estava por vir e quão importante ele era. Essa era outra característica desse grupo, todos se respeitavam em suas particularidades, os mais experientes e os mais novos em mútuo respeito.
A chegada ao estádio, o calor da torcida esperando o ônibus, o corredor entusiasmado feito por eles para que passássemos e sentíssemos que não estávamos sós. A palestra do Gilmar, emocionante; ao término a comoção era tão grande que todos disseram não sentir necessidade nem de aquecer, tamanha era a mobilização. Não víamos a hora de entrar em campo!
"Tenta tirar meu coração, teeenta! Não consegue! Duvido!"
O que se sucedeu foi maravilhoso. Uma partida inesquecível. Aproximadamente 12 mil torcedores cantando, um espetáculo em azul e amarelo. Salve o Pelotas, o glorioso! Vitória de 2x0. A torcida empurrando e esperando o final do jogo pra soltar o grito. Quando soou o apito final, a torcida pôde enfim gritar “É Campeão!”. Sim! Nós somos os Campeões do Centenário! Seguiu-se uma invasão do gramado, uma loucura, uma festa muito grande. Todos queriam registrar aquele momento embora desconhecessem, naquela hora, que aquele momento já estava gravado na memória, para sempre!
O ato de entrega da taça foi interrompido pelos próprios torcedores que não agüentaram esperar e tomaram a taça em suas mãos, Muitos tiveram suas vestes tiradas, torcedores pediam as meias, os calções, as camisetas. Afinal, esse título era de todos! Nunca esqueceremos aqueles momentos. A emoção nos rostos das pessoas, os agradecimentos, o reconhecimento, o choro das pessoas mais velhas, as lágrimas dos mais novos, o desfile no caminhão de bombeiros, os cânticos entoados, os acenos dos pedestres, as buzinas dos carros, as bandeiras tremulando nas janelas dos edifícios, os torcedores correndo ao lado do caminhão do início ao fim... enfim, PARA SEMPRE!"
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